À minha ex esposa

Pois é… agora que já encerramos todo o processo de divórcio e não temos mais quaisquer pendências chegou a hora de dizer algumas verdades. Não se preocupe, não vai doer.

Em primeiro lugar, eu menti quando disse que não te odiava. Em algum momento te odiei, sim, por tudo o que aconteceu e por você não ter tido o mínimo de consideração pelos meus sentimentos e pelo que eu representei pra você. Li bastante sobre separações e entendo que o ódio faz parte do processo. E realmente odiar você me fez sentir melhor, sabia? Se eu não tivesse passado por isso certamente não teria atingido o estágio atual de total indiferença.

Apesar dessa indiferença, contudo, saiba que às vezes me pego pensando em você. Deve ser normal. Porém atualmente penso em você como penso nas pessoas que estudaram comigo no meu primário: tenho uma certa curiosidade por saber como elas estão mas é algo fugaz. Logo outro pensamento vem à cabeça e a vida continua.

Lembro-me que em algum momento você me pediu pra tentar manter contato de alguma forma. Não me vejo na obrigação de procurar você, já que na única vez que fiz isso fui rejeitado porque você, como sempre, só viu o seu lado. No hard feelings about it, mas como você deveria ser a principal interessada (afirmação da qual eu passei a duvidar, já que você não fez o mínimo esforço pra manter contato) eu achei melhor ficar na minha. Até o momento atual, em que nos tornamos totalmente estranhos um ao outro. Talvez tenha sido melhor assim mesmo, sei lá. Acho que sempre vivemos em mundos distantes, e talvez você tenha encontrado o seu mundo agora. Melhor pra você!

Em outro momento você pediu pra que procurássemos manter a amizade depois que a poeira baixasse. Acho que você nunca quis isso realmente, do contrário você procuraria manter contato de alguma forma. E não venha me dizer que tinha medo de como eu reagiria caso você me telefonasse ou mandasse um email, pois essa desculpa não cola. Você teve coragem de fazer o que tinha vontade de fazer enquanto ainda estávamos casados, por que não teria coragem de escrever um único email? Além do mais, se você me conhece bem (e talvez até por isso você não tenha entrado em contato) você sabe que eu sou “binário”, que comigo é zero ou um: se eu não sirvo mais pra ser seu marido depois de 9 anos de relacionamento eu não sirvo pra ser mais nada seu. Nem amigo. Nesse caso concordo que é melhor mantermos distância.

Por fim não posso deixar de te agradecer por ter me permitido acordar pra vida. Não estou falando do tempo em que estivemos juntos, apesar de admitir que aprendi algumas coisas contigo; estou falando, no entanto, das experiências que vivi depois de nossa separação. Acho que tive mais experiências nesses quase dois anos do que em toda a minha vida, e estou achando isso ótimo! Se estivéssemos casados provavelmente minha vida seria bem diferente…

Esqueça tudo o que eu representei pra você, tudo o que eu fiz por você, todo o amor que eu senti por você — se puder, é claro. E seja muito, muito feliz. Espero, de coração, que você encontre aquilo que procura.

• – • – •

Aos que seguem este blog: não há nada melhor do que escrever sobre seus sentimentos, mesmo que exista a possibilidade de que a pessoa que deveria tomar conhecimento deles não venha a fazê-lo. Nem sempre podemos falar algo diretamente pra outras pessoas, e nem sempre nossos amigos e parentes estão dispostos a ouvir nosso desabafo. Este blog surgiu por esses dois motivos.

Se não estiverem se sentindo bem com algo, escrevam sobre isso apenas visando a higiene mental, como se fosse uma “psicografia” do seu coração. Isso ajuda bastante!

Falando nisso, posso dizer que esse blog cumpriu sua missão: é muito provável que, a partir de agora, eu não sinta tanta vontade de escrever aqui. Uma nova vida está começando pra mim, e o motivo que me fez iniciar este blog já faz parte de um passado que estou esquecendo a cada dia. Porém eu realmente espero que meus textos ajudem àqueles que me acompanharam até aqui. Além disso, deixo aqui o convite pra que os leitores que queiram compartilhar suas experiências, alegrias, tristezas, fiquem à vontade pra entrar em contato comigo. Lembro que temos dois canais de comunicação: o perfil do blog no Twitter e no Formspring.

Aguardo seu contato. E muito, muito obrigado, caros leitores, por prestigiarem este blog!

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2 Comentários em “À minha ex esposa”

  1. Flávio Says:

    Bróder, é incrível como me identifiquei com 99% das coisas que li aqui desde o dia q o acessei pela primeira vez… Minha separação já ocorreu pois foi apenas uma união estável assinada em cartório e a desfeita é igual… A única diferença q lembro até hoje está nesse seu último post… Apesar de minha ex ter me feito coisas q deixariam qq um louco da vida, minha ficha ainda não caiu de q ela fosse capaz de tantas barbaridades e por isso ainda não consegui ter raiva dela e estou demorando mais em sair do estado que estou nesses 8 meses… Mais uma vez, parabéns pelo post e as coisas q venho lendo aqui me mostram q não sou único, nem em sofrimento nem, pelo menos no q vc transparece, em achar que o mundo está coberto de apenas pessoas ruins e que só pensam em sacanear as outras… Se bem q hj tenho uma total aversão a relacionamentos… Infelizmente isso minha ex conseguiu fazer comigo pois era um cara q acreditava nisso e hoje não tenho a menor crença de existirem relacionamentos reais, com sentimentos reais envolvidos, principalmente vindos das mulheres em relação aos homens… Valeu e parabéns por ter saído desta para melhor… Hehehe… Peace!

    • autoajudasentimental Says:

      Valeu, cara!
      Sei lá, não estou totalmente descrente de que relacionamentos podem dar certo, mas não tenho procurado também. Acho que na verdade quando a gente procura algo é mais difícil de encontrar. Estou deixando rolar; uma hora aparece alguém legal por aí! 😉


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